Dizia o experiente chanceler francês, Talleyrand (1754-1838), ao seu chefe, o Imperador Napoleão Bonaparte (1769-1821), que passava a maior parte do tempo montado em seu cavalo, à frente do exército (“La Grande Armée”, com perto de 700 mil soldados) guerreando os reis e imperadores da Europa: “Sire, as baionetas servem para muitas coisas, menos para sentar-se em cima delas”. Com essas palavras, o sagaz Ministro queria dizer ao Imperador dos Franceses, que se não dedicasse mais tempo a governar o seu país (o qual exigiria que se sentasse no trono, para pensar como administraria as suas conquistas), perderia o poder, como de fato terminou acontecendo na batalha de Waterloo, em 18 de junho de 1815. O que faltou a Napoleão? – “Nádegas”, responderia o filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955). Porque “Governar é uma questão de nádegas”, segundo Ortega. Pois se, quem ganhou o poder, não se senta para administrar e despachar os negócios públicos, termina sendo desalojado do governo.
Ora, poderíamos dizer ao Lula, que em cinco meses de mandato já visitou 9 países: se não dedica tempo às questões de governo, que implicam em sentar-se na cadeira presidencial e pensar os rumos que dará à sua administração, não conseguirá desempenhar a Presidência deste imenso país.
Segundo destaca a agência Radio France International, em informe de imprensa, “A revista francesa L’Express traz, na edição desta semana, uma análise impiedosa da diplomacia brasileira neste início de terceiro mandato de Lula. Para a publicação, ‘a magia Lula’ acabou depois que o presidente brasileiro ‘desqualificou’ o ucraniano Volodimyir Zelensky e, ao mesmo tempo, elogiou o venezuelano Nicolás Maduro”. A revista semanal ressalta que “a diplomacia brasileira, criada em 1821, desfruta de ‘grande prestígio por seu profissionalismo e sua tradição reconhecida de pragmatismo’. Entretanto, hoje esses traços não estariam mais ‘funcionando’”. Aqueles que admiravam o presidente brasileiro “não entendem, afirma a revista, ao lembrar que desde a campanha eleitoral, o ‘herói da esquerda latino-americana’ já desqualificava Zelensky como sendo um ‘cara’ que queria aparecer, enquanto a cidade ucraniana de Mariupol ‘desmoronava sob as bombas russas’”. Mais recentemente, na última cúpula do G7, no Japão, Lula “se distinguiu”, novamente, ao ser o único a não se levantar para cumprimentar o líder ucraniano, semanas depois de fazer comentários controversos sobre a guerra na Ucrânia e receber o chanceler russo Sergei Lavrov em Brasília. “Assim, - conclui o artigo do L´Express, esvaíram as ambições do Brasil, que esperava atuar como mediador na resolução do conflito iniciado por Vladimir Putin. E na semana retrasada, de novo! - ironiza a publicação -, o brasileiro reabilitou o presidente venezuelano, cuja única diferença com um ditador de direita é que ele é de esquerda”, avalia a revista.
Em recente editorial titulado: “Lula y la máquina del tiempo”, o jornal uruguaio El País, destacava que Lula, agora, “de regresso ao poder, tenta fazer regredir o relógio aos seus tempos de ouro. Mas as coisas mudaram muito na América Latina (e no mundo) nos últimos dez anos. E a trilha de passos em falso de Lula ao longo das últimas semanas, em matéria de política externa, mostram que o presidente brasileiro não entende os câmbios ocorridos, ou se agarra a uma estratégia que conduz ao fracasso. O primeiro deslize ocorreu na recente cúpula do G7, onde Lula chegou querendo marcar uma agenda bem diferente da adotada pelos Estados Unidos e a Europa, apoiando de forma exagerada um suposto plano de paz da China para a guerra da Ucrânia. O seu intento por se manter equidistante de Moscou e Kiev e os seus um tanto ridículos passos para evitar um encontro com o presidente Zelensky, foram o assunto da mídia global e geraram profundo desgosto em Washington e Bruxelas. Fracasso de todo ponto de vista”.
Em relação ao convescote de países irmãos sul-americanos convocado pelo presidente em Brasília, frisou o editorial de El País: “Ao receber o ditador venezuelano Nicolás Maduro, Lula fez uma série de comentários totalmente fora de lugar, defendendo o regime venezuelano, buscando ‘lavar’ a sua imagem no plano internacional e dizendo que as acusações por violação aos direitos humanos e a falta de liberdade política na Venezuela são apenas um tema de ‘narrativas’. Trata-se de uma afirmação no limite do imoral e que choca de frente com dados duros e incontestáveis”.
A consequência de tudo isso foi que Lula terminou levando uma reprimenda de dois presidentes sul-americanos que estavam presentes na reunião de Brasília, um de direita, outro de esquerda. O presidente uruguaio, de direita, Luis Lacalle Pou, frisou em relação ao convite e recepção feitos a Maduro, que “não se pode tapar o sol com um dedo e que Maduro é um ditador sangrento”. O presidente chileno, o esquerdista Gabriel Boric, “não teve contemplações com a hipocrisia de muita gente no seu campo ideológico com relação ao que ocorre na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua”. Boric confessou que "enxergou toda a desgraça venezuelana nos rostos sofridos de miles de refugiados, que se acolheram à proteção do Chile”.
O que, para mim, fica claro, é isto: naqueles países (como Uruguai e Chile), onde se aperfeiçoou a contento o Ensino Básico e a Educação para a Cidadania – sem importar se os seus governos são de direita ou de esquerda -, as respectivas sociedades sabem o que cobrar dos seus mandatários. Já no Brasil, onde há trinta anos impera a esquerdalha sindical nos vários níveis de Ensino, o resultado é esse: o domínio sem-vergonha do Lula e da corja do PT.