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FRANCISCO MARTINS DE SOUZA (1925-2023) IN MEMORIAM.

Com a idade de 97 anos faleceu, no Rio de Janeiro, em 12 de abril de 2023, o meu amigo Francisco Martins de Souza. Ele era potiguar, nascido no Rio Grande do Norte em 12 de novembro de 1925. Exerceu a profissão de técnico da Força Aérea Brasileira, tendo tomado parte, no Brasil, nas atividades de apoio tático ao ensejo da participação das nossas Forças Armadas na Segunda Guerra Mundial, na luta travada contra os exércitos do Eixo na Itália. Nos anos setenta do século passado, com idade superior aos quarenta anos, fez o Curso de Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo sido convidado a ingressar no Corpo Docente do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais dessa Universidade, onde lecionou até a sua aposentadoria como professor adjunto, ocorrida em 1995.

Francisco Martins de Souza fez parte, também, da equipe docente da Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Gama Filho, na qualidade de Professor Titular. Cursou o Mestrado em Filosofia na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e o Doutorado em Pensamento Luso-Brasileiro na Universidade Gama Filho. Especializou-se em filosofia brasileira e em pensamento político. Nessa seara, como frisou Antônio Paim (1927-2021), seu colega, mestre e amigo, “alcançou amplo reconhecimento”. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Filosofia.

Como testemunhou o Diretor da Revista Aeronáutica, publicada pelo Clube da Força Aérea no Rio, o coronel Araken Hipólito da Costa, Francisco Martins de Souza “chegou ao Clube da Aeronáutica (CAER) em 2006 e, com sua personalidade cativante, gentil e com profundo conteúdo filosófico, tornou-se mentor do recém-criado grupo do estudos do nosso querido Clube, fundado em 1946. Suas exposições, ao longo de nove períodos letivos, angariaram um crescente número de alunos, pelo seu conhecimento, por sua memória prodigiosa, por sua capacidade de correlacionar fatos históricos e por sua fidalguia e respeito ao semelhante. Proporcionou, também, que florescessem grupos de estudo relacionados aos interesses nacionais. Por tudo isso, houve uma grande procura, e os cursos foram estendidos a não sócios. Foi também o responsável por iniciar uma série intitulada ‘Ensaios’, publicada pela Editora Revista Aeronáutica, com o objetivo de tornar públicos assuntos da área do conhecimento inerentes ao pensamento brasileiro e ao universo aeronáutico. Elaborou três ensaios fundamentais para o Curso do Pensamento Brasileiro: Ensaio 1, Filosofia política; Ensaio 2, Culturalismo e Ensaio 3, Autoritarismo” [Coronel Araken Hipólito da Costa, “Francisco Martins de Souza”, in: Revista Aeronáutica, Rio de Janeiro, nº 319, 2023, p. 5].

Lembrava o Coronel Araken que Francisco Martins de Souza “em 2008, fez doação do seu acervo bibliográfico, tendo entregado os seus livros ao Departamento de Ensino da Academia da Força Aérea, em Pirassununga, São Paulo” [Cf. Araken Hipólito da Costa, “Francisco Martins de Souza”, Revista Aeronáutica, art. cit., p. 5]. Francisco, de outro lado, integrou a equipe de pesquisadores que organizou o Curso de Introdução ao Pensamento Político Brasileiro, publicado em 13 volumes em primeira edição pela Universidade de Brasília em 1982, e em segunda edição pela Universidade Gama Filho, em 1994, em convênio com o Instituto de Humanidades, sediado em Londrina e presidido por Antônio Paim, tendo como diretor executivo e editor, Leonardo Prota.

No Núcleo de Ensino à Distância da Universidade Gama Filho, Francisco Martins de Souza participou do desenvolvimento do Curso de Introdução Histórica ao Liberalismo, que foi publicado em 5 volumes sob a coordenação de Antônio Paim. Francisco foi autor, junto com Paim, do Volume I, intitulado: Formulação Inicial do Liberalismo na obra de Locke e Kant [Rio de Janeiro: Editoria Central da Universidade Gama Filho, 1996]. No Curso de Doutorado em Pensamento Luso Brasileiro, Francisco Martins de Souza coordenou, entre 1985 e 1995, duas linhas de pesquisa: a relacionada com os estudos sobre o Corporativismo e o Autoritarismo na República Velha e a que aprofundava na formulação da tendência do Culturalismo Sociológico, nas suas origens na Escola do Recife, na obra de Sílvio Romero (1851-1914). O trabalho docente do professor Francisco deixou uma marca de dedicação e gentileza para com os orientandos e de seriedade acadêmica na busca e na consulta das fontes. Honra à memória deste pensador e mestre dedicado ao Pensamento Brasileiro!