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ALTO CUSTO DO POPULISMO NA SEGURANÇA PÚBLICA

Dois eventos recentes, um nacional, outro internacional, aparentemente sem relações mútuas, estão na linha do horizonte de notícias sobre segurança pública. Um, nacional, o vil assassinato de três médicos na praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, perpetrado por narcoterroristas. Outro, deflagrado no sul de Israel, pelos terroristas do grupo islâmico Hamas, contra o Estado de Israel. Me limitarei a refletir aqui sobre a onda de crimes perpetrada pelos meliantes na Cidade Maravilhosa, contra a segurança pública.

No que tange ao narcoterrorismo praticado no Rio de Janeiro, há já várias décadas, esse clima terrível foi iniciado pelo populismo de esquerda do Leonel Brizola, que, na pregação do seu “socialismo moreno”, concluiu que deveria garantir a impunidade dos bandidos nos morros cariocas, a fim de faturar votos para as eleições, nas quais ele se candidatou a governador do Estado do Rio de Janeiro. Contando com o apoio maciço dos morros cariocas, o populista gaúcho se elegeu governador do Estado do Rio em duas oportunidades, que abriram e consolidaram o inferno do narcoterrorismo na região, exportando-o, com o correr dos anos, para outros estados da Federação. 

As reflexões tecidas pelo populista engenheiro não eram nada sofisticadas. Primeiro, acusava as multinacionais das chamadas “perdas internacionais” do Brasil, ensejadas pela exportação de milhões de dólares para as matrizes das empresas. Segundo, achava que se a polícia não subisse os morros, os delinquentes abrigados nos mesmos iriam simplesmente facilitar as pretensões políticas brizolistas. Ora, com o populismo deixando abertas as portas dos morros para os meliantes, estes se tornaram fortes nos seus redutos, passando a importar armas de grosso calibre, mais possantes do que os 38 enferrujados dos policiais. Segundo, com a ladainha das “perdas internacionais” causadas pelas multinacionais, Brizola simplesmente as afastou do Rio de Janeiro. Pouco antes de tomar posse como governador em 1983, mais de 800 empresas abandonaram o Rio, indo se instalar em estados vizinhos como São Paulo e Minas Gerais.

Desde os tempos dos dois governos do carismático e irresponsável Leonel Brizola, a insegurança se instalou no Rio de Janeiro, para nunca mais sair. Os governadores seguintes não conseguiram desmontar o acúmulo de facilidades que Brizola concedeu aos meliantes. Como em política não há vácuo, a ausência do Estado no que tange à segurança pública foi rapidamente preenchida por outras instâncias de poder, vindas de fora. Lembro que, durante o primeiro governo de Brizola, ainda no início dos anos 80, o mega-traficante colombiano Pablo Escobar plantou no Estado do Rio de Janeiro uma ponta de lança, para ir ampliando a sua influência criminosa na “cidade maravilhosa”. Comprou, em Mangaratiba, luxuosa chácara, a fim de potencializar os seus negócios. Falava-se, na época, da venda da Transbrasil, a outrora próspera empresa de aviação, que terminou falindo. Numa das minhas idas a Colômbia, fui procurado, em Medellín, onde passava férias com a minha família, por um prestigioso advogado que, em anos anteriores, tinha “prestado serviços” a Dom Pablo, como consultor jurídico para compra de propriedades imóveis. Perguntou-me se eu conhecia, no Rio, alguém que pudesse ser contatado pelos assessores do mega traficante, que estava interessado em comprar a companhia aérea falida. Como não quis me envolver nesse assunto, alegando o meu total desconhecimento do mercado da aviação, a questão morreu ali. Mas o que ficava claro desse episódio era o interesse dos narcotraficantes colombianos em ganhar maior espaço no Brasil, comprando uma companhia aérea para potencializar o seu marketing da morte. Brizola tinha aberto as portas do inferno ao proteger os meliantes nos morros cariocas. A desgraça do narcotráfico crescia e ganhava cada vez mais poder! Se não se concretizou o negócio da compra da Transbrasil, outras iniciativas dos meliantes colombianos prosperaram na Cidade Maravilhosa. A bateria de uma das Escolas de Samba, que tinha sido premiada, foi convidada por Dom Pablo, com tudo pago, para que se apresentasse em grande estilo na sua famosa “Fazenda Nápoles”, situada à beira do Rio Magdalena. É claro que a contraprestação que esperava o chefão colombiano era de facilitação para os seus negócios de droga. O Brasil seria para os traficantes uma cabeça de ponte para melhorar os seus negócios internacionais. 

A fazenda Nápoles se tornou célebre por albergar o zoológico particular do mega traficante, que contava com leões, tigres, hipopótamos, girafas, etc. Até os bichos selvagens foram utilizados por Escobar no seu negócio da cocaína! Os químicos a serviço do chefão misturavam os excrementos das feras com o polietileno que era utilizado para fabricar os sacos plásticos em que a cocaína em pó era acondicionada. A ideia era que o cheiro dos excrementos das feras afastasse os cães da Polícia para que não localizassem a droga a ser transportada. 

Nessa trilha de imprevidência em face da segurança, à sombra da cocaína que passou a ser distribuída nos morros, os dois governos de Brizola garantiram uma exorbitante expansão dos negócios ilegais. O Brasil converteu-se em corredor para a exportação da cocaína, que passou a ser consumida como produto chique nas festas da alta burguesia carioca. Lembremos o livro de famosa socialite, intitulado: “Ai, que loucura”, em que eram narradas as aventuras das festas regadas a champagne francês, whisky escocês e coca colombiana, que a ricaça oferecia na sua luxuosa cobertura da Avenida Atlântica. Pois não é que, na pandemia, o STF proibiu, de novo, como tinha feito Brizola, que a polícia subisse os morros? A festança dos narcos voltou com furor total, acobertados pelo populismo das Autoridades, que seria logo depois reforçado pelos discursos generosos de Lula, na sua campanha, arengando o povaréu da favela, de boné, em prol de um tratamento mais humano para com os meliantes. Até ministra do governo Lula subiu a ladeira do morro na garupa de uma moto. Sem falar da visita feita pelo futuro ministro da Justiça à chefia de um dos morros cariocas... 

Resumo da opera: o Rio de Janeiro está onde se encontra, não por pura arte do destino, mas porque as Autoridades populistas abriram, em várias épocas, as comportas e relaxaram no combate aos meliantes. Um crime de lesa pátria!

A forma de tirar a sociedade do Rio de Janeiro do buraco em que se encontra é já conhecida. Mas muitos figurões da política fogem dessa providência como o diabo da cruz. Essa solução consiste no combate determinado ao crime organizado que se apossou do espaço público. Um simples recado dos marginais é passado à população e às “otoridades”, da maneira mais terrorista e mafiosa já conhecida: queimando 31 ônibus na zona mais populosa da cidade, infestada, aliás, por favelas sob o controle dos narcos, sejam eles os meliantes de marras ou os seus novos “inimigos”, as milícias que agem à margem da lei. Não é preconceito contra os pobres que lutam para sobreviver. É a triste constatação de que eles continuam reféns do crime organizado, que não lhes permite a mínima liberdade de ir e vir e de buscar uma forma honesta de sobrevivência, nas atividades econômicas legais. Com a palavra Lula, os seus Ministros, o Supremo e a cúpula do governo carioca.